A barreira ortopédica instalada pelo Governo do RN no Hospital Regional Alfredo Mesquita, em Macaíba, foi uma tentativa de desafogar o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. No entanto, após 49 dias de funcionamento, pacientes voltaram a ocupar os corredores da maior unidade de urgência do estado.
Na última quinta-feira (27), pelo menos 10 pessoas aguardavam atendimento em macas nos corredores do hospital. A presença de pacientes nessas condições foi constatada também no dia anterior, quarta-feira (26), evidenciando que o problema da superlotação ainda persiste.
A barreira ortopédica, voltada para atendimentos de baixa e média complexidade, já realizou 102 cirurgias e 834 atendimentos desde sua inauguração. Apesar disso, o sistema não conseguiu impedir que pacientes de maior complexidade continuassem a lotar os corredores do Walfredo. O presidente do Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed-RN), Geraldo Ferreira, avalia que a medida não resolve o problema estrutural da unidade. Segundo ele, a superlotação é causada, principalmente, por casos de alta complexidade que demandam cirurgias mais complexas. Além disso, o uso de salas da urgência para a realização de cirurgias eletivas pode estar contribuindo para a situação.
O Governo do Estado havia comemorado o esvaziamento dos corredores do hospital no mês de março, atribuindo a mudança à implementação da barreira ortopédica. No entanto, a realidade atual mostra que a solução foi temporária, e os corredores do Walfredo voltaram a ser ocupados por pacientes em condições precárias de espera.
Anestesistas ameaçam parar atendimento
Outro fator que pode agravar ainda mais a situação dos hospitais públicos do RN é a ameaça de paralisação por parte dos anestesistas. A Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas (COOPANEST) alertou que pode suspender os serviços a partir de 1º de abril, caso o governo não regularize os pagamentos atrasados. Hospitais estratégicos, como Walfredo Gurgel, Deoclécio Marques e Santa Catarina, podem ser diretamente afetados pela possível interrupção.
Já os médicos plantonistas da Cooperativa Médica decidiram suspender uma paralisação que estava em andamento, após um novo acordo firmado com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesap). Segundo a cooperativa, o governo se comprometeu a efetuar os repasses salariais que estavam atrasados há pelo menos três meses, garantindo que a ordem bancária será encaminhada ainda nesta quinta-feira (27) e que os pagamentos serão realizados na segunda-feira (31).