O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou nesta quinta-feira (24) o adiamento da análise do pedido de urgência para o projeto de lei que propõe anistiar os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A decisão foi tomada em reunião com líderes partidários e confirmada publicamente por Motta após o encontro.
“Isso não significa que deixaremos de dialogar. Vamos seguir conversando para buscar uma solução”, afirmou o presidente da Câmara. Segundo ele, o tema foi discutido de forma exaustiva entre os parlamentares presentes, e a decisão de adiar a urgência foi tomada em conjunto.
Hugo Motta destacou ainda que, como presidente da Casa, é sua responsabilidade definir a pauta, mas reforçou que seguirá conduzindo os trabalhos com diálogo, serenidade e equilíbrio.
“Temas difíceis como a anistia exigem isso. Vamos continuar ouvindo tanto os partidos que defenderam o adiamento quanto os que são contra a proposta”, completou.
Oposição promete obstrução
Logo após o anúncio, o líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), declarou que o grupo oposicionista pretende obstruir as votações na Câmara até que o projeto de anistia volte a ser discutido em plenário.
O pedido de urgência havia sido protocolado pelo Partido Liberal (PL) na semana passada, com o apoio de 264 deputados, número superior ao mínimo exigido (257). No entanto, a proposta enfrenta resistência do governo federal e de parte da base parlamentar.
Nos últimos dias, Hugo Motta buscou diálogo com representantes dos Três Poderes para encontrar um caminho viável para o texto. Ele se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apontado como articulador da proposta.
Bolsonaro muda o tom
Após inicialmente defender uma anistia ampla, Bolsonaro passou a defender a revisão do projeto. Segundo informações da CNN, a nova orientação seria focar a anistia apenas para aqueles que não participaram diretamente da depredação do patrimônio público. A pena para este tipo de crime pode chegar a três anos de prisão.