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10/06/2025 às 15:01

Bolsonaro presta depoimento ao STF sobre tentativa de golpe

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) começou a prestar depoimento na tarde desta terça-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A sessão ocorre no plenário da Primeira Turma, sob condução do ministro Alexandre de Moraes.

Os interrogatórios começaram às 9h e foram interrompidos por volta de 12h30 para o almoço. Pela manhã, foram ouvidos os réus Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; e o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Na parte da tarde, além de Bolsonaro, devem ser ouvidos os ex-ministros da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto — este último também foi vice na chapa de reeleição de Bolsonaro em 2022

A sequência de depoimentos faz parte da fase final da instrução da ação penal que apura o envolvimento de integrantes do alto escalão do governo anterior em uma articulação para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Garnier nega apoio das Forças Armadas

Primeiro a depor nesta terça, o almirante Almir Garnier confirmou ter participado de uma reunião no Palácio da Alvorada, em 7 de dezembro de 2022, com Bolsonaro e outros comandantes militares, para discutir uma possível decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). No entanto, negou que a pauta envolvesse uma minuta de decreto para um golpe de Estado.

Segundo o ex-comandante da Marinha, foram apenas “tópicos de considerações”, sem qualquer deliberação prática ou apresentação de documento formal. Ele também negou que tenha colocado tropas à disposição de Bolsonaro.

Garnier ainda classificou como "coincidência" o desfile de blindados da Marinha realizado em agosto de 2021, que coincidiu com a votação da PEC do voto impresso na Câmara dos Deputados.

Torres: “Era minuta do Google”

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres também negou envolvimento em qualquer plano golpista. Ele classificou a minuta apreendida pela Polícia Federal em sua casa como um documento genérico, disponível na internet.

“Não é a minuta do golpe, é a minuta do Google. Eu realmente nem me lembrava dela. Ela estava em uma das pastas que eu levava para casa com documentos diversos”, afirmou.

Torres também declarou que, durante sua gestão no Ministério da Justiça, não encontrou indícios técnicos de fraudes nas urnas eletrônicas. “Tecnicamente falando, nunca recebemos nada que apontasse fraude. E essa era a resposta que eu repassava ao presidente e a outras autoridades”, declarou.

O ex-ministro relatou ainda que perdeu o celular nos Estados Unidos, ao saber que sua prisão havia sido decretada por Moraes.

Heleno opta pelo silêncio

O general Augusto Heleno foi o único a exercer o direito de permanecer em silêncio. Seguindo estratégia da defesa, o ex-ministro do GSI respondeu apenas a perguntas feitas por seus próprios advogados.

Heleno disse que “não havia clima” para o uso da Abin na produção de relatórios sobre fraudes nas urnas, e o interrogatório foi marcado por uma advertência de seu advogado, que pediu ao cliente que respondesse com "sim ou não" e se restringisse aos fatos.

Interrogatórios seguem até sexta-feira

Os depoimentos seguem até sexta-feira (13). Na segunda-feira (9), o STF ouviu o tenente-coronel Mauro Cid — que firmou acordo de delação premiada — e o deputado Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que os interrogados fazem parte do “núcleo crucial” da organização que tentou romper a ordem democrática no país. Após a conclusão das oitivas, o processo pode seguir para diligências complementares antes da fase final de alegações e julgamento.


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