Uma estudante do Rio Grande do Norte alega ter sido vítima de discriminação racial na Universidade Federal de Rondônia (Unir) após o cancelamento de sua matrícula pela comissão de "heteroidentificação", que concluiu que ela não possuía ascendência indígena. Vitória Barros havia sido aprovada para cursar Medicina e afirmou pertencer ao povo Tapuia Tarairiú.
A comissão de heteroidentificação, cujo objetivo é verificar se os estudantes têm direito às cotas étnico-raciais, com o intuito de evitar possíveis fraudes, emitiu um relatório alegando que a estudante "alterou a aparência, utilizando alisamento de cabelo e maquiagem, para se assemelhar mais a um fenótipo indígena" e que, em suas redes sociais, ela "exibia cabelos naturalmente cacheados".
Conforme o Estatuto do Índio (Lei Nº 6.001), define-se como "Índio ou Silvícola todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que se identifica e é reconhecido como pertencente a um grupo étnico com características culturais que o diferenciam da sociedade nacional".
A Unir também afirmou que os membros da comissão encarregada de avaliar a matrícula da estudante não conseguiram contatar todas as lideranças que haviam assinado a declaração de pertencimento indígena apresentada por Vitória.
Vitória, que é natural de Macaíba, no Rio Grande do Norte, está a uma distância de mais de 4 mil quilômetros de Rondônia. Ela afirma fazer parte do povo Tapuia Tarairiú, originário da comunidade indígena Lagoa do Tapará, localizada entre Macaíba e São Gonçalo do Amarante, na região metropolitana de Natal.