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06/02/2024 às 13:18

Desertificação avança no RN

Dos quatro núcleos de desertificação espalhados pelo Nordeste, um deles está na região Seridó do Rio Grande do Norte. O estado, em sua totalidade, é suscetível à desertificação em 98,42% da área. A caatinga, bioma genuinamente brasileiro se estende por 11% do território nacional, o equivalente a 844 mil quilômetros quadrados. Com predominância no semiárido, essa área apresenta sinais graves de destruição e degradação provocado pelo desmatamento e suas consequências devastadoras.

Considerado em estágio avançado, processo de desertificação do Seridó Potiguar é agravado por ação humana inadequada que causa erosão e assoreamento de rios

Considerado em estágio avançado, processo de desertificação do Seridó

Potiguar é agravado por ação humana inadequada que causa erosão e assoreamento de rios

Dados mais recentes divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) apontam que 1,3 milhão de quilômetros quadrados – 16% do território nacional – estão suscetíveis à desertificação. Nessa vastidão seca vivem 35 milhões de habitantes distribuídos em quase 1.500 municípios brasileiros nos estados cobertos pela caatinga, além de trechos do Maranhão e Espírito Santo. Cerca de 85% da população que habita essa área vive em situação de pobreza.

“Hoje, a desertificação vem a galope. E não precisa ser um cientista para perceber isso. Só precisa sentar para tomar sol e sentir o efeito absurdo da radiação. O caso é gravíssimo. E isso não é recente. Os grandes estudiosos e especialistas já chamavam atenção para isso”, destaca Magda Guilhermino, professora de Ciências Agrárias na Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ) e coordenadora do Projeto Defeso da Caatinga, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e entidades parceiras.

O Defeso da Caatinga é um projeto multidisciplinar, interinstitucional, com ações de ensino, pesquisa e extensão voltadas para a recuperação do bioma caatinga, a partir do desenvolvimento de atividades agroecológicas econômicas de produção vegetal e animal, atividades rurais não agrícolas, restauração ecológica de áreas de proteção permanente e de reserva legal, promoção do trabalho coletivo e educação ambiental.

O projeto é uma proposta de política pública que prevê subsídios para agricultores familiares, mas que depende da criação de um fundo de financiamento específico, nos mesmos moldades do Fundo da Amazônia, que ainda não foi viabilizado.

“Não precisamos mais de diagnósticos, temos pesquisas e o que precisamos é unir os resultados das universidades. É hora de sair do umbigo, pegar os resultados e colocá-los a favor da sociedade. O bioma caatinga não será recuperado se não dermos as mãos para a agricultura familiar. Esse é o ponto central. Temos que trabalhar por um objetivo comum que é o combate à desertificação”, enfatiza Magda Guilhermino.

Para compor o Fundo Caatinga, explica ela, as doações poderão vir dos poderes constituídos em todas as esferas, além de mineradoras, ceramistas, geradoras de energia elétrica, grandes corporações e compradores de carbono. Ou seja, usuários dos recursos naturais.

“A desertificação ambiental não anda sozinha. Nada se transforma em deserto sozinho. Existe fortemente o componente humano. Há um deserto de almas que transformam a natureza em nada, por ambição, que ninguém sabe onde vai parar”, diz a pesquisadora. E acrescenta que ainda há esperança. “Podemos reverter esta situação, mas precisa ser urgente. A desertificação é o último estágio de degradação, é a morte. A caatinga é riquíssima. As pessoas não sabem, não valorizam ou não compreendem isso”, observa.

Desertos no semiárido brasileiro

Veja abaixo os núcleos de desertificação identificados pelo Ministério do Meio Ambiente no Brasil.

Seridó: localizado na região centro-sul do RN e centro-norte da PB, abrange área de 2,3 mil quilômetros quadrados;

Irauçuba: noroeste do Ceará, abrange área de 4 mil quilômetros quadrados;

Gilbués: no Piauí, com área aproximada de 6,1 mil quilômetros quadrados;

Cabrobó: em Pernambuco, com área de 5,9 mil quilômetros quadrados.

 

Tribuna do Norte 


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