As doenças cardíacas estão entre as principais causas de morte no Brasil. Segundo levantamento do DATASUS, a taxa de mortalidade por infarto agudo do miocárdio no Rio Grande do Norte, que já foi uma das mais elevadas do país, apresentou uma queda significativa de 16,8% entre janeiro e outubro de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022.
De acordo com a Sesap, em 2022, o estado registrou 219 óbitos por infarto, número que reduziu para 151 em 2023. Isso resultou em uma queda na taxa de mortalidade de 8,3% para 6,9%. Em comparação com a média nacional de 9% em 2022, o RN se encontra 2,1 pontos percentuais abaixo dessa média. As internações também diminuíram, passando de 2552 no ano passado para 2188 este ano. A secretária de Estado da Saúde Pública, Lyane Ramalho, destacou que "esse é um desafio que estamos encarando de frente, com vários parceiros, e os dados começam a mostrar que o trabalho está surtindo efeito".
O trabalho mencionado pela gestora refere-se a uma série de medidas implementadas pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia Seção Rio Grande do Norte (SBC-RN) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Essas medidas visam estruturar a linha de cuidado do infarto agudo do miocárdio, lançada em abril de 2022, com investimentos em medicamentos, leitos exclusivos para casos de infarto e capacitação de servidores em todo o estado.
O presidente da SBC-RN, Antonio Amorim Filho, destacou a dedicação da Sociedade de Cardiologia nesse processo: "Após um duro trabalho, com uma dedicação imensa, ver essa redução da mortalidade é algo surpreendente e que me deixa muito emocionado. Mostra que todo esforço valeu a pena. Nós, como Sociedade de Cardiologia, temos o dever e a obrigação de uma busca incansável pela redução da mortalidade cardiovascular no nosso estado".
A Sesap salientou a importância do suporte do projeto Sprint no cuidado e tratamento do infarto nas portas de urgência e emergência. Esse projeto qualifica profissionais de saúde para o reconhecimento do mal súbito e a adoção de procedimentos destinados a ampliar a abordagem diagnóstica e terapêutica. Desde a implantação do projeto, mais de 200 pacientes foram submetidos à trombólise, um procedimento que utiliza medicação (trombolíticos) para dissolver coágulos.
Segundo a Sesap, o projeto Sprint, já implantado em sete das oito regiões de saúde do RN, permitiu criar uma rede autossustentável dentro do SUS, com fluxos e rotas bem definidas, utilizando um conjunto de ferramentas fornecido pela empresa farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim (habilitada pelo Ministério da Saúde) para os serviços que utilizam trombolíticos. O tratamento rápido aumenta as chances de reduzir as sequelas e prevenir complicações futuras.
Adriano Silva, educador científico sênior do projeto Sprint, explicou que "com o suporte do projeto Sprint, a cada dois meses são feitas visitas monitoradas às unidades, com oferta de treinamentos, simulações, construção de indicadores de qualidade e discussão de uma cultura de gestão de indicadores, na qual os profissionais que trabalham nas portas entendem como funcionam os fluxos e metas de atendimentos".
Desde 2022, mais de mil profissionais, incluindo médicos, enfermeiros, farmacêuticos e técnicos, foram capacitados pela Sesap, focando no atendimento ao paciente infartado. Isso visa a um melhor tempo de resposta no tratamento, proporcionando mais qualidade, resolutividade e humanidade à assistência aos pacientes com doenças cardiovasculares. Além disso, a Sesap abriu leitos de UTI exclusivos para pacientes com infarto no Hospital Geral João Machado.