Cerca de 5,5 milhões de crianças brasileiras não têm o nome do pai na certidão de nascimento, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O psicólogo Thales Coutinho observa que o abandono paterno traz sofrimentos emocionais que podem perdurar na vida adulta. “É da natureza do ser humano o desejo de conhecer suas origens, mas obviamente há uma diferença significativa entre desconhecer as características de um pai que faleceu e as de um que está vivo, mas decidiu-se pelo afastamento absoluto do filho. Nesta situação, é comum que a criança abandonada sinta insegurança e revolta, forje um tipo de apego disfuncional, chamado de "evitativo". O apego evitativo é a maneira com que a pessoa se relaciona com as demais, evitando vínculos sociais saudáveis pelo medo de ser abandonado e depender emocionalmente do outro”, explica.
O especialista da Estácio enfatiza que o melhor caminho é buscar mecanismos de combate ao abandono afetivo masculino. “O primeiro é conscientizar os pais de que isso traz consequências jurídicas e prejuízos psicológicos para a criança. Também é possível intervir à luz da psicologia. A identificação de pontos de semelhança entre o filho e o pai pode favorecer um vínculo maior e, consequentemente, reduzir o risco de abandono. Quando esse caminho não funciona, os meios legais devem ser acionados”, orienta.