Foto: Carlos Alberto Silva (A Gazeta)
10/01/2024 às 09:30

Meninas da periferia aprendem Jiu-Jítsu para se defender de abusos

Defesa pessoal. Meninas da periferia da Grande Vitória, Espírito Santo, estão aprendendo jiu-jítsu e autodefesa para se defender de abusos e do machismo.

Segundo uma pesquisa do Datafolha, um terço das mulheres já diz ter sofrido violência ou agressão. A sensação de insegurança e impotência, limita o acesso de mulheres aos espaços públicos e privados desde pequenas.

Em Castelo Branco, região de Cariacica, meninas praticam luta na quadra do Centro de Referência da Juventude (CRJ). “[…] No meu ver, todas as meninas deveriam saber um pouco de defesa pessoal, porque um cara pode te parar na rua ou então alguém pode te puxar para um canto. Tudo deixa a gente exposto a qualquer coisa”, disse Thais Soares Ferreira, de 15 anos.

Menina empoderadas

A implementação das aulas começou depois de relatos internos.

“No território de Cariacica temos um alto índice de violência doméstica, principalmente com adolescentes e jovens mulheres que estão na nossa faixa de atendimento, que é de 15 a 29 anos”, disse Adriana Shepherd, coordenadora geral do CRJ.

Foi a partir disso que, em agosto de 2022, foi implementada a defesa pessoal para o público feminino.

Na turma, a adesão ainda era baixa, mas juntas, elas foram transformando em algo maior.

Ana Luiza dos Santos, de 15 anos, chegou no CRJ depois de ter deixado a copeira. “Dois meses depois que comecei o jiu-jítsu misto, me falaram que estava tendo só para meninas, só para a defesa pessoal”, contou Ana.

Autoconfiança e liberdade

Acreditando que poderia ajudar as colegas, Ana começou então a frequentar as aulas de defesa pessoal.

O aprendizado e a convivência com outras meninas, a fez aumentar a autoconfiança de sair na rua. Antes das aulas, ela não saia de casa depois das 19h.

“Era um horário que eu colocava para mim para estar em casa, porque senão eu já achava muito tarde. Foi bem necessário, para mim, aprender isso para tirar um pouco dos meus medos”, contou.

Quimono afasta abusadores

Thais também disse que a prática de jiu-jítsu foi fundamental para se descobrir mais forte.

“Os meninos pararam de gracinha para o meu lado. Quando o pessoal me vê de quimono na rua já não me olha mais daquele jeito, chamando atenção. Porque as meninas não podem andar nem mais ‘largadinhas’ que os caras ficam querendo, ficam olhando, ficam analisando na hora da saída (da escola). Já não acontece mais tanto comigo. Mudou bastante”, comentou.

 

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