O preço do quilo do arroz em Natal aumentou 30,9% nos últimos 12 meses, conforme o levantamento mais recente do Dieese, realizado em maio deste ano. Segundo especialistas, as variações climáticas no Rio Grande do Sul, um dos principais produtores de arroz do país, são as principais responsáveis por esse aumento em Natal. As famílias de menor renda são as mais afetadas, já que elas destinam a maior parte do seu rendimento à alimentação e o arroz é um item básico na mesa dos potiguares.
A aposentada Francisca Emília compartilhou que se sente especialmente incomodada com os altos preços, que parecem subir a cada semana. “É muito aumento nos últimos tempos e todo dia a gente percebe um preço diferente. Minha estratégia é fazer a feira apenas uma vez a cada dois meses, com várias pesquisas nos supermercados da cidade. Compro em grandes quantidades para fazer uma espécie de estoque”, disse a aposentada, de 68 anos. Na quinta-feira (27), ela foi a um supermercado na zona Leste de Natal comprar alguns itens que estavam faltando em casa.
Outra aposentada, Marilda Tavares, de 66 anos, mencionou que as constantes elevações a fazem pesquisar bastante antes de comprar o produto. “O arroz subiu muito, de uma forma absurda. Faço muita pesquisa para tentar escapar dos preços altos”, relatou. Em contraste, a dona de casa Ozineide Vieira, de 63 anos, admitiu que diante de tantos reajustes, nem tenta mais pesquisar. “Nem tento [pesquisar], porque para onde a gente corre, está tudo do mesmo jeito. E como arroz não dá para deixar de comprar, eu sinto que não tem jeito para a situação”, comentou.
O economista Robespierre do Ó explicou que eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul, estado que concentra boa parte da produção nacional de arroz, têm impactado diretamente no aumento dos preços em todo o país. “Recentemente, tivemos as cheias no RS, mas bem antes disso, no ano passado, aquele estado foi atingido por uma seca bastante significativa. Sabemos que duas situações provocam aumento de preços: a grande procura pelo produto ou a baixa produção, como vem ocorrendo no caso do arroz”, esclareceu.
“E tudo isso é agravado pela falta de um estoque nacional”, completou o economista. Ediran Teixeira, supervisor técnico do Dieese no Rio Grande do Norte, destacou os impactos dos aumentos, especialmente para as famílias de baixa renda. “O arroz é um item imprescindível para muitas pessoas. Existem consumidores que costumam substituí-lo por macarrão e até mesmo farinha, bastante apreciada no Nordeste. Mas é claro que isso afeta muito as famílias de baixa renda”, destacou Teixeira.
Os dados divulgados pelo Dieese indicam que, além do arroz, outros itens da cesta básica também registraram aumento nos 12 meses encerrados em maio deste ano. O tomate liderou os aumentos (65,18%), seguido pela banana (20,93%), açúcar (13,55%) e café (9,26%).
Por outro lado, feijão, óleo e carne registraram queda no mesmo período (de 17,64%, 16,23% e 8,22%, respectivamente). O valor da cesta básica, nesse recorte, aumentou 6,30%. Considerando apenas os cinco primeiros meses de 2024, a alta foi de 15,11%.