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03/04/2025 às 17:15

Presidente da Caern descarta privatização e defende parcerias com setor privado

O presidente da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), Roberto Linhares, reafirmou que a empresa permanecerá sob controle estatal, priorizando parcerias com o setor privado para facilitar investimentos. Em entrevista nesta quinta-feira, 3, ele rejeitou a ideia de privatização da companhia, argumentando que os recursos gerados por uma possível venda não seriam suficientes para cobrir as despesas do Estado.

“Se você fecha a torneira, a pessoa terá que pagar o que cobraram por 10 mil litros d’água. Um caminhão-pipa no interior custa cerca de R$ 300, enquanto a companhia cobra apenas R$ 53 pelo mesmo volume tratado”, explicou Linhares. Ele ressaltou que a privatização poderia excluir municípios menores, como Venha Ver, Serra do Mel, São Tomé e Lagoa Salgada, que dependem dos serviços da estatal.

Linhares fez uma analogia entre os setores de água e saneamento e energia elétrica, lembrando que este último passou por privatizações na década de 1990. Segundo ele, as diferenças entre esses setores dificultam a aplicação do mesmo modelo. “A conta de água da minha casa é cerca de R$ 100, enquanto a conta de luz, sem geração distribuída, seria de R$ 1.200 a R$ 1.300”, comentou.

Em relação aos investimentos necessários, Linhares destacou que serão precisos R$ 6,57 bilhões para universalizar os serviços de água e esgoto até 2033, conforme o novo Marco Legal do Saneamento. Como a Caern não possui esse valor disponível, ele propõe parcerias público-privadas (PPPs). “O estudo técnico e jurídico já foi realizado. A avaliação econômico-financeira está prevista para agosto de 2025”, informou.

De acordo com o presidente da Caern, grandes empresas nacionais como BRK, Aegea e Iguá, além de companhias locais, já manifestaram interesse em participar do projeto. “Esse investimento, que em 2022 era de R$ 3,2 bilhões e hoje ultrapassa R$ 4 bilhões, irá gerar empregos, melhorar a infraestrutura e impactar positivamente na qualidade de vida e saúde da população”, finalizou.

Além disso, Linhares criticou a decisão sobre o emissário submarino em Natal, considerando-a um erro que resultou em prejuízo bilionário. Ele afirmou que se o projeto tivesse sido aprovado, a capital potiguar teria uma cobertura total de esgoto desde 2015; atualmente esse índice gira em torno de 50%.

“Houve um embate ambiental e uma obra que custaria R$ 120 milhões já teria garantido a universalização do esgoto em 2015. Agora, chegaremos em 2027 com um custo estimado em R$ 1,1 bilhão. Isso representa um enorme prejuízo para a sociedade. E o tratamento não se aproxima da diluição proporcionada pelo emissário submarino”, argumentou Linhares.

Ele também criticou a forma como as discussões foram conduzidas e observou que outras regiões do mundo adotam práticas diferentes. “Se na Europa e em outras partes da América isso é comum, por que não pode ser feito em Natal?”, questionou.

A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Jaguaribe está prevista para entrar em operação no segundo semestre de 2025 como parte do projeto de saneamento da Zona Norte, com custo superior a R$ 500 milhões. “A ETE está pronta; todos os equipamentos estão funcionando e já tratam a água. O que falta é a liberação para o lançamento do efluente tratado”, explicou Linhares. A previsão é que a obra seja concluída até junho e a licença operacional emitida até julho.

A primeira fase da ETE ampliará a cobertura de esgoto na Zona Norte para 43%. Quando finalizada, a estrutura atenderá 95% da área com capacidade para processar até 1.050 litros por segundo. “Considero a Zona Norte como a maior cidade do Rio Grande do Norte; atualmente tem apenas 3% de cobertura de esgoto. Assim que entregarmos o segundo módulo da estação, essa cobertura saltará para 95%”, afirmou Linhares.


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