Após anos de espera, Cristiane Morossini, 57 anos, finalmente recebeu um novo coração em 8 de fevereiro de 2023, tornando-se a primeira mulher a passar por um transplante cardíaco no Rio Grande do Norte. Hoje, um ano após a cirurgia, Morossini, doutora em filosofia, celebra seu renascimento para a vida, afastada da insuficiência cardíaca que a afligia.
Ela foi a quarta pessoa a receber um novo coração no estado desde que os transplantes cardíacos foram retomados em 2022. Atualmente, segundo a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), há uma pessoa aguardando na fila por um transplante cardíaco.
"Vivi como se aquilo não fosse o que me limitava. Posso dividir esse processo em duas partes: uma em que eu não pesquisava, não lia, não queria saber absolutamente nada sobre a minha condição [...]; e espiritual, em que internalizei a ideia de que a morte era uma consequência que pode acontecer sob qualquer circunstância", relata Morossini.
Após a doação, Cristiane Morossini retomou hábitos esquecidos devido à doença. "Graças ao imenso gesto de amor da família que permitiu a doação, hoje estou viva, com saúde, realizando tarefas que antes me eram impossíveis", diz.
Em 2024, o Rio Grande do Norte registrou 60 transplantes de órgãos nos meses de janeiro e fevereiro, um aumento de 7% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram realizados 56 transplantes. A Sesap ainda não registrou transplantes cardíacos em 2024.
Nos últimos quatro anos, os transplantes cardíacos têm aumentado no estado. Em 2020, devido às restrições da pandemia da Covid-19, foram realizados 226 transplantes. Em 2023, esse número saltou para 335. Além de corações, o estado realiza transplantes de córneas, medula, rins e outros órgãos.
Atualmente, o Rio Grande do Norte tem 334 pessoas na lista de espera por um novo órgão, de acordo com dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Há também 581 pessoas aguardando por córneas.
A Sesap conta com oito instituições de saúde credenciadas para realizar transplantes de órgãos. Uma vez acionadas pela Central de Transplantes, essas instituições realizam a captação dos órgãos conforme sua especialização. O Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), por exemplo, realiza transplantes de rim e córnea, enquanto o Hospital Rio Grande se especializa em transplantes cardíacos e de medula óssea.
Além disso, cartórios lançaram a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO), disponível 24 horas por dia no site aedo.org.br. Essa iniciativa visa facilitar o processo de doação de órgãos, permitindo que as pessoas indiquem suas preferências de doação eletronicamente, contribuindo assim para aumentar o número de doadores e salvar vidas. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) supervisionará a implementação da AEDO para garantir sua eficácia e disseminação.
Com informações do Novo Notícia