De acordo com o Atlas da Violência de 2023, divulgado nesta terça-feira (05) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Rio Grande do Norte apresenta a segunda maior taxa de homicídios entre negros no Nordeste. O estado fica atrás apenas da Bahia, que lidera o ranking com 55,7 homicídios para cada 100 mil habitantes, enquanto o RN registra 48,9 mortes de negros por cada 100 mil pessoas. O Ceará ocupa a terceira posição, com 47,1 mortes para cada 100 mil habitantes.
A análise abrange o período de 2011 a 2021 e destaca a disparidade na incidência de homicídios entre negros e não negros no país. Em 2021, dos 47.847 homicídios registrados no Brasil, 77,1% das vítimas eram negras, totalizando 36.922 casos.
O risco de mortalidade também é destacado, ressaltando que, ao sair de casa, pessoas negras enfrentam maiores chances de falecerem tragicamente em comparação a seus cidadãos brancos. Alagoas lidera essa estatística, com uma chance 36,6 vezes maior de uma pessoa negra morrer em relação a uma pessoa não negra. O Rio Grande do Norte segue em terceiro lugar nesse índice, com um risco 6,5 vezes maior.
Os pesquisadores enfatizam que essa disparidade não se deve apenas às diferenças socioeconômicas, mas também ao racismo estrutural que permeia o acesso ao trabalho, à educação e às oportunidades, relegando a população negra a uma posição mais vulnerável.
No tocante à violência entre mulheres, observa-se uma redução nas taxas de homicídios entre 2011 e 2021 no Brasil, mas com uma diminuição mais acentuada entre as não negras (-21,5%) em comparação com as negras (-18,8%). No RN, embora o número geral de homicídios de mulheres tenha diminuído, o aumento entre mulheres negras é evidente (de 56 em 2011 para 59 em 2021), enquanto entre as não negras houve uma redução (de 11 para 10).